DRA ANA TEIXEIRA MENDES
Psicóloga clínica e da saúde
cédula profissional da Ordem dos Psicólogos Portugueses nº27577

Mensagem para pais com medo de falhar
É uma constante observar em consultório pais com sentimentos de medo, raiva, tristeza, culpa, cansaço, quer na sua própria consulta como no pedido de consulta para os seus filhos. O que é que acompanha estes sentimentos? Medo de falhar. Raiva por sentir que falhou. Tristeza por sentir que não sabe fazer melhor. Culpa por se sentir responsável no mal-estar do filho/a. Cansaço de já não saber o que fazer mais, entre tantos outros. É sobre estes sentimentos, que reflito neste artigo. É certo, e quase um clichê, que “não há manuais para pais”, “ninguém me ensina a ser pai ou mãe”, mas esta verdade, no entanto não chega para o consolo e gestão destes sentimentos. Então o que pode uma mãe/pai fazer?
Eis, para além de outras e tantas opções, algumas que considero importantes:
- Aceitar estes sentimentos e pedir ajuda. O que consiste em pedir ajuda? Obter ferramentas para saber lidar com as dificuldades apresentadas, cabendo ao psicólogo fornecer as mesmas adaptadas à realidade dos pais, e discutidas com os mesmos, de forma a perceber a sua possibilidade de concretização. É importante que os pais não sintam que as ferramentas são utópicas, ou passiveis de serem realizadas de acordo com as suas competências, só assim será efetuado um trabalho com eficiência. É também importante haver perceção de realidade no envolvimento em processo terapêutico.
- Ser resiliente face à tentativa-erro. O que é a tentativa-erro? Muitas vezes as ferramentas fornecidas e discutidas com os pais podem não ser funcionais no tempo e espaço das dificuldades. No entanto, isto não significa que se chegou a um limite, o psicólogo é treinado para fornecer diferentes ferramentas, ou para auxiliar a consolidar as existentes.
- Não ter crenças fechadas sobre a sua forma de parentalidade e perceção enquanto mãe e/ou pai. É importante a possibilidade de mudança, ser percecionada pelos pais, na sua forma de sentir, estar e ser com os filhos. As crenças fechadas, são muitas vezes, impossibilitadoras de sucesso terapêutico.
- Envolver-se no processo terapêutico. É sabido que os psicólogos são treinados para possibilitar o desenvolvimento de competências quer nos pais, como nos filhos, mas isto terá sucesso, se todos se envolverem no objetivo terapêutico havendo um trabalho de ambas as partes. Este aspeto é fundamental.
Em suma, é importante relembrar que irá falhar, a falha é um processo natural pertencente à condição humana, o importante é o que faz com ela e não havendo "manuais para pais perfeitos", pedir ajuda é um bom início para um primeiro capítulo na história de cada família.
​
Ana Teixeira Mendes
​
​